GABRIEL FREITAS
Leveza (Poltrona 001) - Design Autoral
leveza
Me identifico como uma geração transitória, talvez por ter passado a infância no interior em uma época pré internet e o final da adolescência com essa tecnologia chegando e mudando tudo, sinto como se eu tivesse dado um salto dos anos 1980 para os 2000, com uma mistura de ensinamentos tradicionais, desenhos antigos misturados com musicas undergrounds e questionamentos progressistas.
Essa sensação de geração anacrônica me levou a sempre gostar de estudar as definições geracionais, baby boomers, geração y, geração z.
Tive a mesma experiência na faculdade, enquanto aprendia um design com pensamento funcionalista fruto de uma sociedade modernista, ou que pelo menos tenta se caminhar para isso, o brasil despontava no chamado design pós moderno e as invenções tecnológicas ressignificaram até o nome da minha profissão, designer de produto se tornou design de produto digital.
Em meio a esses momentos contraditórios entrei em contato com as ideias de sociedade do Zygmunt Bauman que vai pensar o mundo a partir de estados da matéria, sendo o mundo moderno o mundo sólido e esse mundo contemporâneo um mundo liquido. Sintetizando e simplificando muito a hipótese desenvolvida por ele percebi que existia ali uma busca por leveza.
Logo associei essa ideia com "Seis Propostas para o Próximo Milênio" do Ítalo Calvino, onde ele, refletindo sobre a própria escrita diz que seu objetivo é sempre deixar a gramática mais leve.
Com essa ideia da busca de leveza em mente e minha sensação de anacronismo e esse dilema entre moderno e contemporâneo me voltei pra a história do design brasileiro com foco no modernismo. Esse período tem como principal característica linguagens com elementos plásticos bem robustos e arredondados, o que contradisse imediatamente a busca por leveza que estava na minha cabeça e foi ai que achei meu conceito visual: formas retas e uma oposição entre pesado e leve.
Desenhei uma estrutura toda baseada em quadrados e triângulos, concentrei todo o peso visual no assento, que é um sólido robusto dobrado duas vezes para formar um ângulo confortável para sentar e apesar da robustez esse bloco é acolchoado e tem o toque aveludado. Todo esse bloco “flutua” sobre uma esguia estrutura metálica, que busca um minimalismo ao ser posicionada só nas partes essenciais para manter o bloco. Um plano que se dobra envolve a estrutura e assento formando um braço para apoio de copos e na parte de trás um pequeno plano de metal perfurado, quase translúcido, é mais um apoio para pequenos objetos.
