No final do século XIX, a Amazônia vivenciou um período de grandes transformações econômicas, impulsionadas pela extração do látex. Durante essa "Belle Époque" da Amazônia, enquanto as cidades prosperavam com eletricidade, bondes e novos edifícios, o processo de extração deixou marcas profundas na região. O sofrimento das comunidades indígenas e a exploração de trabalhadores, em condições análogas à escravidão, ficaram em sombras ao lado do boom econômico.

A Luminária Seringal é uma peça que traz à tona essa narrativa complexa. Sua forma e estrutura evocam os cortes diagonais na casca da seringueira, por onde o látex fluía, sendo coletado em baldes pendurados no tronco. O latão dourado reflete a prosperidade que um dia iluminou a região, enquanto convida à reflexão sobre o custo humano desse progresso.

A luz indireta e quente proporcionada pela luminária traz um tom dourado ao ambiente, e a direção da luz pode ser ajustada delicadamente com o movimento da cúpula, que é suspensa por um cordão artesanal de látex e algodão orgânico, produzido por mulheres da comunidade de Ilha Cotijuba – PA, com o apoio da Amadeu Materials.

É mais que uma luminária; é um reflexo das tensões entre o avanço econômico e os sacrifícios invisíveis de um passado que não deve ser esquecido.